segunda-feira, agosto 16, 2010

[A]tracção pelo abismo

Em segundos, deixo de ter controlo sob o meu corpo. O meu cérebro, parte dele, sabe que a realidade não é a que acabo de percepcionar. Que aqueles objectos e aquela distância não estão ao alcance da minha mão, é ilusão. Parte da minha cabeça sabe-o, mas todo o meu corpo reage ao estímulo e, em segundos, vivo uma luta interior entre a vontade de tocar o desconhecido com as mãos e a força hércula que me garante que é uma armadilha. Os movimentos ondulados garantem-me que os carros ou as pessoas estão a dois centímetros de distância, mas eu sei que não é verdade. O ar fica automaticamente preso a meio da garganta e o coração bate ainda mais desacelerado, angustiado. O sangue sobe ao rosto e as pernas começam a tremer, não reagem aos comandos como habitualmente porque, pelo meio, há um alerta que é preciso respeitar. A mensagem é tão instântanea que atrapalha os movimentos, prende-os. O ar não desce, as pernas tremem e só quando desvio o olhar é que consigo clarificar, pouco, o raciocínio. Por momentos, até começar tudo de novo. Sempre outra vez.
 Vertigens.

2 comentários:

Isilda disse...

Eu também tenho um bocado de vertigens mas como tenho um espírito aventureiro até as vertigens passam ao lado.

Vanita disse...

Eu descobri há pouco tempo que sofro deste mal...