quinta-feira, dezembro 31, 2009

Velas que ardem...

Há dois dias terminei de ter o "As Velas Ardem até ao Fim", de Sandór Marai. Não o conhecia, chamou-me à atenção na livraria e foi com gosto que me deixei levar pelas quase 200 páginas deste escritor húngaro. Fechei o livro, cheia de dúvidas e pensei: "Bolas, ainda não tenho maturidade para entender isto". Entendi, mal e com dificuldade. Mas a ideia tem vindo a ganhar forma na minha cabeça. E, curiosamente, joga com o que 2009 representa para mim: o ano da amizade. Sim, é assim que lhe vou chamar. A amizade foi protagonista deste final de década para mim. E, se no livro de Sandór Marai, dois homens aguentam 41 anos para consertar um momento acabando, no fundo, por nunca o fazerem - exactamente porque a amizade é mais importante que tudo o resto, mesmo que esse resto seja uma traição de morte, de lealdade -, neste ano que agora termina também eu percebi com que linhas se cose essa relação entre dois seres humanos. Há fronteiras, limites. É triste? Talvez seja, talvez não. Mas tudo se resume ao respeito que temos por quem gostamos, em quem nos revemos e a quem nos torna os dias mais risonhos. Há atitudes e palavras que, uma vez tomadas ou ditas podem mudar o que sentimos. Para sempre. Porque o tempo pode passar, ajudar a sarar e até apagar algumas acções. E é aqui que entram as fronteiras. Tudo depende do quão longe se foi. E há limites que não se passam, não se podem passar. Talvez por isso estes dois homens do livro húngaro tenham optado por queimar o livro que lhes podia tirar todas as dúvidas. Porque há valores que falam mais alto e é preciso saber avaliá-los, a cada momento. Para mim, 2009 foi um ano destes. Clarividente.

5 comentários:

M disse...

No "Ano da Amizade", espero que as tuas amigas que estiveram contigo nos melhores momentos da tua vida, não se tenham afastado nos teus piores dias de 2009 e naqueles momentos em que mais precisaste delas ao pé de ti.
Beijinho. Feliz 2010.

Vanita disse...

Há muito que aprendi a fazer essa distinção. É nos maus momentos que se vê quem está ao nosso lado, que se mostra com quem nos preocupamos. E há várias formas de o fazer. Sente-se, simplesmente.

Feliz Ano Novo também para ti :)

Zuza disse...

terminei tambem há 3 dias esse mesmo livro.

a forma como espelha as relações humanas é tão verdadeira que até assusta, porque eu quando leio revejo tudo na minha própria vida e este livro deu-me algumas respostas no que respeita a atitudes e valores entre as pessoas, respostas essas que eu não desconhecia mas teimava em não aceitar.

Joana disse...

não te disse que o livro era muito bonito? ao ler o teu texto lembrei-me de algumas pessoas que ficaram pelo caminho porque não reconheciam na amizade a mesma importância que eu. é a vida a fazer-nos crescer todos os dias.
beijinho

p.s. optei por "O Violoncelo de Sarajevo", já está à cabeceira. :) e mais dois em espera...

Vanessa Cruz disse...

Terminei há pouco tempo de ler esse livro e senti o mesmo que tu. ;)