segunda-feira, setembro 15, 2008

Não sou filha deste tempo...

A minha avó dizia, com um tom discreto, tímido até, mas que não disfarçava uma ponta de orgulho, que o meu avô dava umas escapadelas fora do casamento mas "era sempre para mim que ele voltava". E era aí que ela ganhava força para suportar essa vida. Nessa escolha dele, que a fazia diferente das outras. Afinal, ela era a mãe dos seus filhos, a mulher que cuidava da casa, da sua roupa e da comida que todos os dias estava em cima da mesa. Uma boa esposa. Não entendam mal. Eu adoro o meu avô, amo de paixão. Assim como a minha avó. Já se foram os dois mas para mim estão sempre vivos no meu coração. O que me choca - e quase não vale a pena usar a palavra que parece ter perdido o impacto - é que os tempos não mudaram. Continua a ser assim. Ainda hoje e, fatidicamente, parece-me que por muitos e muitos anos, as mulheres, agora com uma postura diferente da minha avó, aceitam e perdoam tudo, sobretudo se as relações já forem duradouras, ou seja, recheadas de histórias de traição e pulos na cerca. Não sei a troco de quê, nunca estive desse lado. Nunca trai, já perdoei uma vez e vivi o Inferno que se segue, o que me faz duvidar ainda mais de quem perpetua esta forma centenária de estar que atribui aos homens um papel diferente do das mulheres. Sim, não se iludam. Este comportamento é unilateral. Eles até podem perdoar, mas não esquecem. E se já procuravam poleiro fora de casa, passam a procurar uma nova casa. Sempre com a certeza de que aquele poleiro é certo. Sempre foi. Se isto é o que chamam de felicidade, prefiro ser (in)feliz à minha maneira.



E eis como um programa de televisão quase consegue fazer-me voltar...

[escrito a 14 de Setembro, depois de assistir aos comentários de Gonçalo da Câmara Pereira sobre o primeiro "Momento da Verdade", na SIC]

9 comentários:

Alf disse...

Aquele programa havia de ter alguma coisa positiva...

IandU disse...

é bom ter-te quase de volta ;)

Anónimo disse...

Antes de mais: Bem vinda de volta!

E agora vamos às traições televisivas....epá, aquele fascizóide monárquico estava-me a meter uns nervos!!!!! Pela primeira vez ia perdendo a noção de que aquilo era uma TV e que não adiantava dar murros! Por momentos achei mesmo que ele tinha sido pago pela SIC para assumir aquela postura de anormal machista do século XXI, mas com os dois pés no século XIX...

e o programa?? Oh meu Deus!!! Como é possível!!! Mas há alguém com dois dedos de testa que pense: "Se calhar era bom ir à TV admitir que pus os cornos à minha namorada...até ganho dinheiro e tudo! Posso ficar sem namorada, amigos e família mas isso não interessa..."....

Então e a Teresa Guilherme a ler as perguntas como se estivesse a contar uma história a miúdos de dez anos? Lindo né? Já se esqueceu da prática adquirida ao longo de várias e longas edições do BB...

Enfim. TV nacional no seu melhor....o que vale é que ainda vamos tendo uma RTP1 e uma 2: que se lembram que há mais malta que não está minimamente interessada no sofrimento humano!

Bjs. JB

Anónimo disse...

Vanita, que bom ler-te!=)

Que de vez em quando surja alguma coisa no teu caminho que te faça voltar...

Beijinho*

paddy disse...

Eu vi um bocado. Meu Deus, quando ele disse 'ele só estava a fazer o papel dele' só me apeteceu atirar-lhe uma pedra à cabeça.

Bad Girl disse...

Ao ver o post percebi que havia, afinal, uma razão para a existência daquele programa. E se é com aquilo que temos de levar para te fazer voltar às lides... Olha, é um mal menor.
B3ijos

oxenbury disse...

vi aquela coisa por acaso, já ateimei q aquilo era tudo mentira mas afinal acho q não!

mas pior q o programa em si, foi ver um gajo c a mania q é importante p o país dizer burrices como "ele n gosta de brincar c a filha pq tem q brincar c as bonecas fora de casa HEHEHEEHE"
c'a ganda nojo!

Firehawk disse...

Yes you're back...not for the biggeste reason, but you're back! Mas ainda não foste á minha nova casa:
www.avidaqueima@blogspot.com
não vale a pena ir pelo link do nome...não vais a lado nenhum. Escreve a morada...é mais fácil!

João disse...

Esse "unilateral" doeu-me um bocadinho..

mas percebo :)