terça-feira, junho 19, 2007

Perfeito!

Pronto, obrigaram-me a recuar na pausa que tinha feito. Esbarrei contra este texto e simplesmente tenho que o reproduzir. É imperativo! Não sei quem é a pessoa que o escreveu, mas bolas, está mesmo lá. Deliciem-se, foi tirado daqui:

"Nós amamo-nos muito, não é amor?"

Se há coisas que desconfio, é dos amores Eu-Tu-e-o-resto-do-mundo. Os amores sem vida privada. Os amores que, de doentios (e sufocantes), e sem pudor de salvaguardar a vida íntima e própria de um casal, se perdem em confissões a terceiros do que só, manifestamente, aos dois diz respeito. Existe nestes uma necessidade, quase dilacerante, em contar tudo. Tudo. Desde as horas e sítios onde se beijaram ou fizeram “o amor”, até às juras sistemáticas de amor eterno. Estas manifestações básicas cansam-me. Causam-me desconforto e deixam-me maldisposto. Em que parte da vida mais “secreta” dos dois é que eu sou chamado? Que raio é que tenho a ver com isso? Os casais maravilha! “Vejam todos, nós somos muito felizes!” - dizem-nos. Necessitando de fazer desta certeza (será?) uma declaração pública, não desconfiarão estes disso mesmo? Acho isso é um engano. Os amores são bons quando fazem as pessoas felizes (ponto!). Um amor bom cansa, dá trabalho e, sobretudo, sabe ficar em silêncio – não dizendo nada, diz Tudo. Porque silêncio é respeito. Mais, um amor bom não deve concordar com tudo, pelo contrário, deve abrir novos mundos, novas perspectivas, novas pequenas certezas. No meio de tudo isto vamos errando, pedindo desculpas, criando e construindo. Nunca fazendo o que o outro(a) quer, mas o que se deve. Constrói-se respeitando o espaço de ambos, ao invés de uma clausura sufocante. Porque um verdadeiro amor não é perfeito, antes, tem muitos defeitos. Como todos nós. E é disso que se alimenta, vive e cresce. E está escrito na cara de cada um de nós quando passamos por um, não precisamos de andar a espalhá-lo aos sete ventos. Mas isso, e esse amor, já são sinónimos de maturidade, pois é?

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